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Trump vai perder se margem para pequenos em estados cruciais – 02/08/2024 – Rodrigo Zeidan


Se a diferença nas pesquisas dos estados for mais importante para pequena, Trump vai perder. E pelo mesmo motivo que o levou à vitória quando as pesquisas indicaram que estava atrás de Hillary Clinton: o voto dos envergonhados.

Na primeira eleição de Trump, muitos tinham vergonha do seu discurso, mas ainda assim queriam votar nele. Quando eles foram questionados, seja por amigos, seja em pesquisas de intenção de voto, em quem votariam, simplesmente mentiam ou diziam que estavam indecisos. Esse efeito também é explicado por que os partidos europeus de extrema direita normalmente recebem mais votos que as pesquisas indicam.

Só que agora é o contrário. Donald Trump é hoje o dono do Partido Republicano; ninguém ousa se opor publicamente a ele. No passado, o partido tinha até uma corrente chamada “Trump Nunca”, pois acreditavam que esse culto de personalidade seria um desserviço à nação. Desse grupo, fazia parte até mesmo JD Vancerecentemente escolhido por Trump para compor sua chapa como vice-presidente.

Contudo, os que criticaram Trump dentro do partido primários para candidatos mais extremistas, mudaram o seu discurso ou se aposentaram. JD Vance chegou a bradar que Trump seria o Hitler americanoenquanto Mitch Romney, um dos poucos que acompanharam a crítica abertamente o então presidente, perdeu qualquer capital político dentro do partido que ainda tinha depois de ser o candidato a presidente derrotado em duas eleições presidenciais.

Muitos republicanos detestam Trump, mas não podem dizer isso em público (e às vezes nem mesmo em suas residências) sem serem vistos como traidores. Esses governantes deveriam decidir a eleição, assim como aqueles que tinham vergonha de votar em alguém que acusava o México de mandar estupradores para os EUA e que o certo era agarrar mulheres pelas partes íntimas.

Hoje, a retórica é ainda pior, já que Trump disse que iria acabar com esquerdistas que viviam como vermes ou que imigrantes estariam envenenando o sangue dos americanos, imitando expressões nazistas. Para seus fiéis seguidores, Trump poderia até matar alguém em plena luz do dia na Quinta Avenida que não perderia votos, como ele mesmo dissemas retórica nazista pode jogar muita gente no colo dos democratas.

As bolhas de internet não são o mundo real, não porque as pessoas são diferentes, mas pela forma como a comunicação se dá nesse meio. Os extremos chamam a atenção, enquanto comportamento ou debate normal é jogado para escanteio. A mídia tradicional também às vezes funciona assim. Os jornais não reportam as centenas de assassinatos diários no Brasil. Já nos acostumamos com a barbarie. Ainda assim, a maior parte dos jornais ainda é sobre fatos importantes do cotidiano político, econômico e esportivo.

Mas isso não quer dizer que, entre as bolsas de milhões de pessoas que vivem sua vida normalmente, sem ficar na internet por horas, esse tipo de comportamento será validado. Alguns estudos indicam que a polarização realmente aumentoucom 75% da base de eleitores apoiando qualquer absurdo dos seus candidatos e a polarização sendo alimentada pelos próprios aspirantes à Casa Branca, que assim conseguem mais doações para suas candidaturas.

É a economia, estúpidodisse James Carville em 1992. Estudos indicam que não necessariamente mais, o que torna os resultados mais incertos. Ainda assim, os 25% que faltam devem decidir a eleição. Quietos.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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