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Robôs humanoides começam a ser usados ​​em fábricas na China – 08/04/2024 – Mercado


Leila Navarro, 71 anos, palestrante motivacional e influenciada, veio pela primeira vez à China para a, realizado no início de julho, e voltou com um cão-robô. Pagou 15,5 mil yuans (R$ 11,7 mil) e já está passando com ele em São Paulo.

Foi a um parque e, conta, o cachorro chamou a atenção dos policiais. “Fiquei encantado e comprei para uso doméstico, porque ele dança, fala algumas coisas, pode interagir com as pessoas, trazer um copo d’água”, descreve. “Mas a ideia é ele trabalhar em segurança. Fui andar com ele, no primeiro dia em que saiu comigo, e os policiais vieram falar que seria legal ele ajudar a fazer ronda.”

Mas o que mais chamou a atenção na exposição paralela à conferência em Xangai, inclusive dela, foram os 18 robôs humanoides alinhados na entrada. “Estava cheio deles, e o que percebi é que o chinês é muito prático. Estão menos preocupados em humanizar e mais em ganhar escala e ser uma coisa funcional. Robôs que passam roupa, que fazem massagem, que cozinham.”

Apelidados de 18 Arhats, em referência aos primeiros seguidores de Buda, eles refletem uma indústria que em 2023 cresceu 86% em relação ao ano anterior, na China, e que guarda relação com o crescimento do setor de carros elétricos no país. No momento, é nas montadas que a aplicação dos robôs com aparência humana mais promete.

Não à toa, uma das atrações na exposição foi o Optimus Gen 2, nova versão do robô humanoide da Tesla, mantenha numa redoma de vidro distante dos 18 da linha de frente chinesa. A projeção do CEO Elon Musk é que milhares deles ocupam o chão da fábrica no ano que vem, possivelmente na “gigafábrica” em Xangai, a maior da montadara no mundo.

A empresa chinesa de robótica UBTech já tem humanoides trabalhando em uma fábrica de montadora de carros elétricos NIO, também chinesa, e anunciou paralelamente à conferência ter contrato fechado com uma joint venture da Volkswagen no país para desenvolver uma fábrica sem humanos, só com humanoides, em Qingdao. Entre as tarefas estão escanear os carros, operar cintos de segurança, montar componentes e fabricar peças.

“É muito importante também considerar o papel que a cadeia de suprimentos da indústria de veículos elétricos teve nos robôs de inteligência artificial”, diz TP Huang, analista financeiro especializado no setor automotivo. “Coisas como chips de IA, navegação, Lidars [tecnologia de detecção e alcance de luz, para identificar objetos]câmeras e tudo mais que realmente importa ao construir um robô de IA, seja canino, humanóide ou de entrega de comida.”

Ele sublinha a experiência acumulada com a operação de robotáxis pela Baidu, uma das principais no desenvolvimento de inteligência artificial no país, em cidades como Wuhan, onde acaba de entrar em circulação uma nova frota, agora com mil deles. “Outras, como DiDi, também o fará”, acrescenta, ressaltando a empresa de transporte urbano conhecida no Brasil como 99.

A indústria de robôs ainda está nos primeiros estágios, avaliando Huang, sobretudo em relação aos humanoides. “A grande pergunta é onde serão usados.” Há modelos com formato mais adequados do que eles para entregar ou para cozinhar, por exemplo.

Uma área provável, segundo o analista, é o atendimento domiciliar e outras tarefas voltadas aos serviços, “em que as pessoas queiram interagir com robôs que são de tamanho, locomoção e movimentos semelhantes aos nossos”. No caso de robôs caninos, eles poderiam atuar como guias para cegos na China, onde há falta de cães para a tarefa.

A consultora brasileira em tecnologia Mila Ghattas, fundada em Xangai e que especifica a presença de 36 envios de empresas do Brasil em conferência, concorda que o quadro “ainda está mais naquele primeiro impacto, e a utilidade desses robôs ainda é algo para ser treinado”.

Ela própria se interessou mais por um conceito de robô antropomórfico, com o busto de uma jovem chinesa, que encontrou na exposição. “Eles começaram a aparecer, o que se chama na robótica de ‘uncanny Valley’, vale da estranheza. Ela estava pequenininha lá. Você vê, e a ocorrência sua humana é de estranheza, de que tem alguma coisa errada.”

O impacto da mídia dos robôs de Xangai foi grande, a ponto de se sobrepor à conferência, que havia reunido CEOs conhecidos da indústria de tecnologia da China e EUA, além de autoridades para discutir governança global de IA. A própria conferência acabou lançando “Normas para a Governança de Robôs Humanoides”, logo comparadas às Três Leis da Robótica do escritor Isaac Asimov (1920-92).

“A China não está protagonismo disso, das leis tanto de robótica como de IA”, diz Ghattas. “Acho fascinante como o país trabalha a questão de lei versus desenvolvimento. Fala, ‘desenvolve, vamos ver o que você consegue’. E só depois começa a regular. Porque, se regular antes do desenvolvimento, limita a criação. Olhe a capacidade a regular que já chegaram esses robôs.”

As Leis de Xangai, como apelidadas, foram elaboradas por cinco diferentes instituições da cidade, reunindo de advogados a empresas de IA. Tem uma abordagem mais ampla, como uma recomendação de alertas de risco, mas algumas de suas normas ecoam Asimov, como “não ameaçar a segurança humana” (no escritor, “não ferir um ser humano”).

Leila Navarro, satisfeita com seu cão robô, quer retornar à China no ano que vem e comprar um humanóide. “A empresa do cachorro [Unitree Robotics, de Hangzhou] está lançando um, mas não estava pronto para venda”, diz ela. “É o melhor dos que eu vi, até o do Elon Musk. Ele dobra e fica numa mala. E esse homem lava a louça, limpa a casa, conversa com você. Já surgiu um companheiro de vida?”

Em Xangai, o lançamento de maior repercussão foi o Qinlong ou Dragão Verde, da Humanoid Robots, da própria cidade. Com 1,85 a 80 kg, ele combina, segundo a apresentação, “membros inferiores móveis para caminhada ágil”, 1 metro por segundo carregando 40 quilos, “com membros superiores níveis e de alta precisão para operações”. Entre outros atrativos, faz café.



FOLHA DE SÃO PAULO

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