sábado, outubro 5, 2024
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Com Michelle Bolsonaro, PL aumenta filiações femininas



Desde que assumiu a presidência do PL Mulher, em março de 2023, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) intensificou sua presença em campanhas partidárias, contribuindo para um aumento de 14,8% na filiação feminina ao Partido Liberal, que passou de 345.797 filiadas em março de 2023 para 397.060 em julho de 2024, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

As atividades partidárias de Michelle deverão se intensificar no período que antecede as eleições municipais deste ano. Seja em convenções ou eventos partidários, a presença da ex-primeira-dama é sinônimo de espaços lotados. Ainda no primeiro semestre de 2024, ela percorreu pelo menos 11 estados para promover o partido, visitando inclusive redutos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste e no Norte.

Além de atuar no PL Mulher, Michelle é protagonista do Movimento de Mulheres Conservadoras, em parceria com a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos). O movimento, que já ocorre em outros países, visa unir e capacitar mulheres conservadoras em torno de causas como a defesa da vida, da família e da liberdade.

Com essa iniciativa, eles dizem que pretende não apenas aumentar a presença feminina no partido, mas também desafiar a narrativa, tradição associada à esquerda, de que a representatividade feminina na política depende de cotas.

Em discursos recentes, Michelle destacou a importância de candidaturas que transcendem as cotas, enfatizando o protagonismo e o propósito das mulheres no cenário político.

Eventos do PL Mulher em 2024 já levaram Michelle Bolsonaro para 11 estados

De março a julho deste ano, Michelle Bolsonaro visitou 11 estados em eventos promovidos pelo PL Mulher. Os encontros na Bahia, no Acre, no Amapá, em Alagoas, em Sergipe, no Maranhão, no Piauí, no Amazonas, em Roraima, no Tocantins e em São Paulo reuniram milhares de mulheres.

Nos eventos, Michelle teve como objetivo concluir a estruturação dos diretórios estaduais e municipais do partido, iniciada em 2023. Ao encerrar a passagem por todos os estados, a ex-primeira-dama coincidentemente um mapa do Brasil todo em rosa.

“A semente foi plantada em todos os estados. Agora, é o momento de cultivarmos essa semente com dedicação e perseverança, para que ela cresça e floresça, trazendo um novo momento de participação feminina na política partidária”, escreveu ela na publicação.

PL filiou mais mulheres do que o PT

A filiação de mulheres ao PL teve um aumento de 14,8% desde que a ex-primeira-dama assumiu a presidência do PL Mulher em março de 2023 – ou seja, 51.263 novas filiadas até 19 de julho, segundo dados do TSE.

No mesmo período, o Partido dos Trabalhadores (PT), antagonista ao PL, registrou um aumento de 3% na filiação de mulheres, equivalente a 23.528 cadastros novos de mulheres na legenda de Lula.

Contudo, o total de filiados no PT continua a ser bem maior do que no PL: actualmente são 772.776, de um total de 1,65 milhões de filiados. O PL, por sua vez, possui 397.060 mulheres com ficha no partido, de um total de 899.201 filiadas.

O PL atribuiu o crescimento principalmente ao papel de Michelle e espera também um aumento de candidaturas femininas conservadoras nas eleições municipais.

Dados gerais do TSE apontam que o número de candidatos e eleitos vem crescendo. Enquanto nas eleições municipais de 2016 32% das candidaturas foram de mulheres, em 2020 esse percentual chegou a 34%. O número de mulheres eleitas como prefeitas e vereadoras aumentou de 16% para 18%.

Isso reforça que a estratégia de Michelle e do PL vem em boa hora, segundo a estrategista em política de comunicação Tuliana Rosa.

“Além do aumento no número de candidaturas femininas, destaca-se também o crescimento da eleição de mulheres, tanto nas eleições de 2020 quanto nas de 2022. Embora tímido, esse crescimento também é refletido nas composições majoritárias, onde os partidos têm preferidos incluir mulheres em uma das vagas para o Executivo, evolução maior opções”, avalia.

Michelle diz que apoia mulheres na política propositalmente e não por cotas

Em seus discursos, Michelle reforçou o propósito das mulheres na política, em resposta à política de cotas defendidas pela esquerda para ampliar a participação feminina.

Em discurso feito no Amapá, em abril, a ex-primeira-dama disse que não quer mulheres na política “apenas por cotas”, mas quer o envolvimento envolvendo “causa” e “propósito”. Ela disse ainda que as vagas femininas devem ser conquistadas a partir do seu “protagonismo”.

“Nós queremos mulheres de bem na política. Não queremos mulheres apenas por cotas, queremos mulheres pelo seu protagonismo. Nós queremos mulheres com propósitos, nós queremos mulheres com causas”, declarou.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também tem enfatizado o papel das mulheres no partido. “No PL, mulher não é pauta de inclusão, ela é uma agente da mudança”, disse o dirigente em publicação nas redes sociais.

Para a coluna Entrelinhas, da Gazeta do Povouma das pré-candidatas a vereadora de São Paulo, Zoe Martinez, disse que o PL não se limita a cumprir cotas, mas promove uma verdadeira “formação de mulheres, para que se interessem cada vez mais pela política”.

Estratégia com mulheres de direita no Brasil é reflexo da política mundial

Não é só no Brasil que partidos de direita buscam estratégias para se aproximar do eleitorado feminino. A tendência é que esse movimento se espalhe ainda mais e cumpra, em especial, o papel de suavizar a imagem de partidos até então dominados por homens.

“Há, de fato, uma estratégia. Os partidos de esquerda tiveram essa participação das mulheres muito mais presente durante muitos anos. De um tempo para cá, em especial a partir do momento em que Giorgia Meloni assumiu o cargo de primeiro-ministro da Itália com o slogan ‘eu sou uma mulher, eu sou uma mãe, eu sou uma cristã’ e deu certo, ela criou um novo paradigma. A partir de então os partidos conservadores começaram a correr atrás e eles estão se estruturando muito bem”, afirmou Cila Schulman, que é CEO do Ideia Instituto de Pesquisa e do Wlab, iniciativa que pesquisa mulheres na política e no consumo.

Além da Itália, Cila citou o exemplo da francesa Marine Le Pen, que tem buscado suavizar a imagem de seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN). A analista política lembra ainda que as mulheres representam 40% do eleitorado mundial.

No Brasil, onde mais de 52% do eleitorado é de mulheres, não poderia ser diferente. Na disputa contra Lula em 2022, pesquisas de intenção de voto indicaram uma maior resistência do público feminino a Bolsonaro. O PL tenta quebrar essa tendência por meio da imagem da ex-primeira-dama.

Com a tendência do marido seguir inelegível, a estratégia em torno de Michelle Bolsonaro também pode servir como base para sua própria campanha em 2026, embora seja apenas uma hipótese.

Na avaliação da consultora e analista política do BMJ Associados, Raquel Alves, a articulação das mulheres conservadoras não pode ser considerada uma “onda”. Para ela, trata-se de um reposicionamento que a direita vem buscando.

“Essa não é uma estratégia apenas para 2024 ou 2026. É uma estratégia de longo prazo”, disse Raquel.

Michelle e Damares apostaram em estratégia de longo prazo

Ao anunciar o lançamento do Movimento Mulheres Conservadoras, nas últimas semanas, Michelle Bolsonaro reforçou a estratégia. “Nosso objetivo é unir mulheres conservadoras e formar o maior movimento conservador feminino no Brasil“, diz a frase estampada na página do movimento.

Com foco em campanhas temáticas, o projeto pretende reunir argumentos técnicos e científicos para municiar mulheres que defendem os ideais conservadores.

Ao lado de Damares Alves, Michelle é uma embaixadora do movimento que foi gestada por cerca de um ano e deve ter abrangência internacional, reunindo mulheres parlamentares da América Latina.

O objetivo do movimento, de acordo com a idealizadora, Viviane Petinelli, é “unir mulheres de bem, que defendem a vida desde a concepção, a família, a proteção da infância, a liberdade, um Estado mínimo e não interventor, a igualdade de oportunidades para todos, dentre outras bandeiras conservadoras”.

O lançamento do projeto estava marcado para 12 de agosto, mas acabou sendo adiado, sem uma nova data anunciada. De acordo com Viviane, o grupo busca fomentar a disputa de espaços de poder entre mulheres conservadoras. “As eleições municipais influenciarão também as próximas eleições gerais”, lembrou.

O objetivo é reforçado pela senadora Damares Alves. “Uma ampla aliança terá que ser construída para unificar a direita nas eleições de 2026”, avaliou a senadora em entrevista para a coluna Entrelinhas, da Gazeta do Povo. Ela destaca a importância dos nomes femininos não apenas na Câmara e no Senado, mas também na presidência da República ou na vice.

Na avaliação de Tuliana Rosa, estrategista em comunicação política, a articulação em torno do Movimento Mulheres Conservadoras deve fortalecer uma estratégia de fomentar a presença feminina em partidos de direita.

“Esses movimentos podem fornecer suporte, visibilidade e recursos para as mulheres que desejam se candidatar, além de sensibilizar a sociedade sobre a importância da participação feminina”, afirmou.





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