Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Gabriel Boric, do Chile, reuniram nesta terça (6) um convênio de cooperação para o desenvolvimento do setor aeroespacial entre os dois países com foco em fins pacíficos de pesquisa, principalmente no enfrentamento às mudanças climáticas.
A assinatura do acordo ocorreu em Santiago durante o lançamento da pedra fundamental do Centro Espacial da capital chilena, uma das marcações da viagem de dois dias que Lula está fazendo ao país andino. Na segunda (5), ele e Boric realizaram uma reunião às portas fechadas que você tratou, entre outros assuntos, da eleição na Venezuela.
Durante a conferência de assinatura do acordo de cooperação entre os dois países, Lula ressaltou que o setor é “mais estratégico do que nunca” para o desenvolvimento dos países e que não há atividade hoje que não exija infraestrutura espacial, como comunicações, geração de energia , navegação e o enfrentamento às mudanças climáticas, um dos focos do acordo.
Este ponto, em específico, é sempre tocado por Lula em seus discursos e que usa para alfinetar o empresário Elon Musk, que os acusados de investir preferem na colonização de Marte em vez de aplicar recursos em medidas socioambientais.
“Os devaneios de bilionários que preferem colonizar Marte do que cuidar da Terra não substituem a ação e a orientação do Estado”, disse Lula.
Lula ressaltou no discurso de que o desenvolvimento do setor aeroespacial ainda é desigual entre os países, principalmente os do “Sul global”, que ficam reféns de controles de exportação de componentes, restrições de acesso a novas tecnologias e limitações financeiras. Para ele, é uma corrida de quem chega ao topo “chuta a escada” para evitar que outros também alcancem.
“A cooperação entre os países do Sul [global] tem potencial para reverter essa desvantagem. Juntos, poderemos multiplicar a capacidade de erguer as nossas próprias escadas”, pontual.
O presidente brasileiro ainda afirmou que o setor espacial do país “sofreu com a negligência governamental” nos últimos anos e que, em seu novo mandato, retomou os investimentos com encomendas tecnológicas no valor de R$ 300 milhões para “fortalecer a indústria espacial e gerar os empregos e a renda necessária”.
Ele ainda citou entidades tecnológicas de ponta no Brasil, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e universidades públicas e privadas. De acordo com o presidente, os memorandos assinados entre os ministros brasileiros e chilenos das áreas de ciência e pesquisa permitirão explorar iniciativas conjuntas no setor espacial.
Gabriel Boric emendou, logo depois, que o acordo firmado nesta terça (6) será também um avanço das cooperações técnicas e científicas já existentes entre os dois países desde a década de 1990.
“O espaço não é para os milionários que podem pagar para ver a Terra de cima. O espaço também tem de ser um lugar onde todos que habitam esta Terra possam se beneficiar”, disse Boric absorvendo a fala de Lula sobre Musk.