O presidente nacional do PDT, André Figueiredo, anunciou que o partido está avaliando a possibilidade de abandonar a base governamental de Luiz Inácio ou Lula da Silva (PT), principalmente após o partido do presidente lançar um candidato próprio à prefeitura de Fortaleza. Na capital cearense, o PDT tentou a reeleição de José Sarto, mas o PT lançou o deputado estadual Evandro Leitão à disputa.
O racha piorou ainda mais depois de Lula participar da convenção que oficializou o Leitão à prefeitura da cidade, no último sábado. Figueiredo afirmou que o presidente “não tem preço pelo PDT”, embora tenha o aliado Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência.
“Particularmente, acho que o PDT tem de olhar com mais atenção e não fazer parte de uma base fragilizada. Em determinadas matérias, faremos uma análise mais crítica. Não haverá nenhuma retaliação direta no Congresso, mas teremos que encarar o presidente Lula como alguém que não tem preço pelo PDT”, disse em entrevista ao Estadão publicada nesta terça (6).
O PDT no Ceará já está rachado por si só principalmente na relação entre Ciro Gomes e o governo – já foram aliados, mas o ex-deputado se tornou um forte crítico de Lula nos últimos anos.
A possibilidade do PDT deixar a base governista pode agravar ainda mais a articulação política de Lula com o Congresso. O presidente lembra rotineiramente que o PT tem uma base muito pequena e que, para passar o que precisa, tem de conversar e negociar muito com os outros partidos.
Mesmo a atual base governamental não é totalmente aliada, e partidos como o União Brasil e o PP votam proposta a proposta. Apesar das críticas, Figueiredo descartou a saída de Lupi do governo.
A aliança entre PDT e PT no Ceará durou 16 anos, até ser rompida em 2022, quando o partido retirou a candidatura da governadora Izolda Cela à reeleição, optando por Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza. Em resposta, o PT lançou Elmano de Freitas, que acabou eleito governador.
Figueiredo é líder da maioria na Câmara e criticou a postura de Lula ao apoiar a candidatura própria do PT em Fortaleza.
“A principal prefeitura do PSB é Recife, e o PT está apoiando a reeleição de João Campos. A principal candidatura do PDT é em Fortaleza, e ele vem aqui depois de dizer que não iria se envolver no primeiro turno em capitais onde houvesse disputa entre aliados”, disse apontando uma contradição do presidente.
Em uma reunião ministerial realizada em dezembro de 2023, Lula havia orientado seus auxiliares a tomarem cuidado em cidades onde havia mais de um candidato a prefeito da base do governo, mas a presença na convenção de Leitão foi vista como uma quebra dessa orientação.