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Empresa precisa ter o ‘olhar do dono’, diz Previ em crítica a corporações como Eletrobras – 08/07/2024 – Mercado


Maior fundação de previdência privada do país e investidor relevante em grandes empresas brasileiras, a Previ avalia que o modelo brasileiro de empresa pulverizado, como o adotado na Eletrobrasainda precisa amadurecer no Brasil.

“No formato atual, em que a empresa não tem um controlador acompanhando a gestão, os executivos tendem a buscar retornos de curto prazo, que se refletem em bônus para eles mesmos”, afirmou o presidente da entidade, João Fukunaga, no evento nesta quarta -feira (7).

A Eletrobras é hoje alvo do governo, que reclama uma presença no conselho de administração compatível com sua participação acionária de 43%. O tema vem sendo debatido em conciliação no STF (Supremo Tribunal Federal).

Com o objectivo de evitar a formação de grupos de controlo, o processo de privatização limitou a 10% dos votos de cada acionista nas assembleias, mesmo que a sua fatia seja maior. Na conciliação, o governo quer ter entre três e quatro conselheiros.

Outras grandes empresas brasileiras operam com restrições semelhantes, como a Americanas e a Vale, na qual a Previ tem 14% das ações. A fundação tem hoje dois conselheiros na mineradora. Fukinaga é um deles e não quis falar especificamente da companhia.

Além da Vale, a Previ tem participações relevantes na Petrobras, na Neoenergia, na Vibra e na Tupy, entre outras empresas com fatia menor. Tem 22 representantes em conselhos de administração e 26 em conselhos fiscais.

Chegou a ter representante no conselho da Petrobrasmas deixou de indicar representantes após entendimento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de que faz parte do bloco governo e, por isso, não pode apresentar candidatos.

Em julho, a autarquia estendeu esse entendimento à Eletrobras, mas o resultado prático é pequeno, já que a Previ tem apenas 0,33% das ações da ex-estatal privatizada em 2021.

Fukunaga diz que, como investidora de longo prazo, a Previ defende que as empresas sejam geridas sob “o olhar do dono”.

“Esse tipo de atuação [das empresas pulverizadas] acontece em detrimento das estratégias de longo prazo, tão caras a um fundo de pensão, e dos retornos aos acionistas, representando um risco para a sustentabilidade das companhias”, afirmou.

A instituição é frequentemente apontada por acionistas privados como um braço do governo dentro das empresas, mas Fukunaga rebate que sua estratégia é específica aos participantes de seus fundos de pensão.

Não conturbado processo de sucessão da Valepor exemplo, a fundação é apoiada como apoiadara de nomes ligados ao governo, como o secretário do Ministério da FazendaDario Durigan, que despontou há semanas como possível candidato.

O processo sucessório da mineradora, porém, tem regras restritas que dificultam ingerências externas. Pré-vê a análise de uma lista tríplice composta por dois nomes apresentados por consultoria internacional e um nome interno, escolhido entre os vice-presidentes da mineradora.

A consultoria contratada pela Vale, a Russel Reynolds, já apresentou uma lista de 15 nomes, que será depurada até dezembro, quando o conselho estiver disponível a lista tríplice.



FOLHA DE SÃO PAULO

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