Pressionada por gasolina e passagem aérea, a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou 0,38% em julho, apontado nesta sexta-feira (9) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice havia sido de 0,21% em junho.
A alta de 0,38% ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetaram variação de 0,35%.
Com o resultado de julho, o IPCA subiu 4,5% no acumulado de 12 meses, segundo o IBGE. É justamente o teto da meta de inflação perseguida pelo AC (Banco Central) no fechamento deste ano. A alta dos preços era de 4,23% no acumulado até junho.
Transportes pressionados, alimentos aliviados
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA, 7 tiveram avanço em julho. A maior variação (1,82%) e o impacto principal (0,37 ponto percentual) vieram dos transportes.
O grupo teve influência da carestia da passagem aérea (19,39%) e da gasolina (3,15%). O combustível teve o maior impacto individual no IPCA (0,16 ponto percentual), e o bilhete de avião, o segundo (0,11 ponto percentual).
Por outro lado, o grupo de alimentação e bebidas registrou queda (deflação) de 1% em julho. A baixa veio após alta de 0,44% em junho.
Dentro de alimentação e bebidas, o subgrupo alimentação no domicílio caiu 1,51% no mês passado, após alta de 0,47% na divulgação anterior.
Foram observadas reduções nos preços do tomate (-31,24%), da cenoura (-27,43%), da cebola (-8,97%), da batata inglesa (-7,48%) e das frutas (- 2,84%).
Do lado das altas, destacam-se o café moído (3,27%), o alho (2,97%) e o pão francês (0,67%).
Meta de inflação, juros e projeções
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% em 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais. Isso significa que a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) em 12 meses até dezembro.
Analistas do mercado financeiro projetam inflação de 4,12% no acumulado deste ano, conforme a mediana das estimativas do boletim Focus mais recente, divulgado pelo BC na segunda (5). A previsão foi apresentada pela terceira semana consecutiva, mas abaixo do teto de 2024.
O aumento das expectativas ocorre em um contexto de mais dólar alto, incertezas fiscais no Brasil e pressão de preços no atacado. Analistas também enxergam desafios para a trégua da inflação de serviços com o mercado de trabalho ainda aquecido.
Em ata publicada na terça (6)o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC subiu o tom e afirmou que pode aumentar a taxa básica de juros, a Selicse achar a medida necessária para garantir a convergência da inflação para o meta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na quinta (8) que está otimista em relação à economia brasileira, “apesar da crise que o dólar vem causando no mundo inteiro”.
Na avaliação do petista, que já fez uma série de críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Netoum inflação está “totalmente equilibrado”.