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Mercado de trabalho reforça PIB e alerta para inflação – 08/09/2024 – Mercado


O desempenho avançado do mercado de trabalho reforça as projeções de PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil, mas alerta para um possível impacto na inflação.

Segundo economistas, a sequência de avanços do emprego e da renda tende a beneficiar neste ano o consumo das famílias, considerado o motor do PIB pela ótica da demanda.

O possível efeito colateral da procura de bens e serviços em alta é a pressão contínua sobre os preços, que desafiaria o processo de desinflação, ainda mais após a escalada do dólar no país.

“Isso [desempenho do mercado de trabalho] ajuda a sustentar a projeção de crescimento acima de 2% [do PIB de 2024]mas, ao mesmo tempo, coloca preocupação para o Banco Central em relação à inflação, que está caminhando para ficar consistentemente entre 4% e 4,5% neste ano e no ano que vem”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados.

Analistas aumentaram nas últimas semanas as projeções para o PIB e o índice oficial de preços do Brasilo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

No caso do indicador de atividade econômica, a alta previsão do mercado financeiro subiu 2,2% em 2024, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focusdivulgado pelo BC (Banco Central) na segunda (5). A projeção avançou pela quinta semana consecutiva.

Para o IPCA, a previsão passou de 4,12% no acumulado deste ano. Foi a terceira semana consecutiva de alta no Focus.

O boletim, contudo, não havia captado ainda possíveis reflexos dos dados mais recentes de inflaçãodivulgados na sexta (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo o órgão, o IPCA acumulou alta de 4,5% em 12 meses até julho. É o mesmo patamar do teto da meta de inflação perseguida pelo BC no fechamento de 2024, até dezembro.

“A combinação de economia aquecida com câmbio potencial é bastante perigosa para a inflação”, afirma Vale.

André Valério, economista sênior do banco Inter, diz que a reaceleração dos preços de serviços em julho, especialmente em meio ao mercado de trabalho aquecido, pode se mostrar um empecilho para o processo de desinflação e a eventual retomada dos cortes de juros.

“Esperava-se que o mercado de trabalho estivesse mais desaquecido. Ao não estar, há recebimento de demanda excessiva e inflação”, afirma Valério.

“O PIB [mais forte] tem uma combinação de fatores. O mercado de trabalho é um deles, mas as pessoas têm visto surpresas de modo geral. Nem como enchentes no sul tiveram o impacto negativo que se esperava [na atividade econômica]”, acrescenta.

A taxa de desemprego do Brasil retrocedeu a 6,9% no segundo trimestre, de acordo com os dados mais recentes do IBGE.

Assim, o indicador retornou ao menor nível da série histórica para o intervalo de abril a junho, repetindo o patamar registrado dez anos atrás, em 2014 (6,9%).

Conforme o instituto, a população avançada com algum tipo de trabalho avançou para 101,8 milhões, o novo recorde da série.

A renda média dos ocupados também subiu em alta, alcançando R$ 3.214 por mês no segundo trimestre. Isso representa um crescimento de 5,8% na comparação com um ano antes (R$ 3.037).

Em ata publicada na terça (6)o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC subiu o tom, liderando que pode aumentar a taxa básica de juros, uma Selicvocê acha que essa medida é necessária para garantir a convergência da inflação para o meta.

Uma Selic, atualmente em 10,5% ao anoé o principal instrumento de controle inflacionário. Quando a taxa de juros sobe, tenta esfriar a demanda que pressionou os preços.

Após a divulgação do IPCA de julho, os analistas avaliaram que os dados devem reforçar a preocupação do BC com o horizonte para a inflação. O cenário básico, no entanto, ainda descartou uma elevação de juros no curto prazo.

“A inflação dos serviços deve seguir pressionada por causa do mercado de trabalho aquecido”, diz Claudia Moreno, economista do banco C6 Bank. A instituição projeta IPCA de 4,7% no acumulado de 2024.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na quinta (8) que está otimista em relação à economia brasileira, “apesar da crise que o dólar vem causando no mundo inteiro”.

Na avaliação do petista, que já fez uma série de críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Netoum inflação está “totalmente equilibrado”.

“A gente se mantém numa situação boa, o emprego está crescendo, o salário está crescendo, a massa salarial está crescendo. O desemprego está diminuindo, e a inflação está totalmente equilibrado. Esse é um dado muito importante, porque toda vez que alguém fala de inflação eu fico muito preocupado”, disse Lula.



FOLHA DE SÃO PAULO

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