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Podcast ‘Adquirido’ torna histórias de empresas um tema pop – 08/09/2024 – Mercado


No lugar de histórias mirabolantes de “crime verdadeiro” e superproduções em áudio, um podcast simples, mas repleto de informação, tem conquistado os ouvidos de curiosos e dos principais executivos do mundo.

“Acquired”, apresentado pelos americanos Ben Gilbert e David Rosenthal desde 2015, é aquele tipo de programa que depende apenas de uma boa história para fidelizar a audiência.

E, nesse caso, não é qualquer tipo de história. A origem das grandes empresas está longe de ser um tema tão atraente quanto serial killers e crimes não resolvidos.

O que começou com episódios sobre empresas de tecnologia que ou adquirimos ou foram adquiridos por outros, hoje é uma espécie de enciclopédia corporativa que merece ser guardada na propriedade do agregador de podcasts.

Nos últimos dez anos o programa já se debruçou sobre a Pixar NetflixStandard Oil, Nike, TikTok, NvidiaLVMH e, claro, Taylor Swift.

Mesmo em episódios sobre outros setores, o foco inicial em tecnologia persiste. Isso porque se trata, nesses casos, de pensar no assunto além de gadgets, hype e promessas vazias, mas de entender como a inovação, seja ela qual for, impulsionar a economia e gerar valor.

São aulas de história econômica com exemplos concretos, que buscam explicar as engrenagens que movem a economia hoje e como elas vão se tornar maiores e mais complexas conforme interação com outras.

Em entrevista ao Jornal de Wall StreetRosenthal disse que as maiores e melhores histórias de não ficção de hoje estão nas empresas.

“O Império Romano não existe mais. Se você estiver procurando uma história como as lendas antigas, é a Maçãum Microsoft e LVMH. Essa é uma arena em que as pessoas buscam a grandeza”, disse.

Mas “Acquired” só consegue tornar essas histórias corporativas interessantes para um público geral porque há por trás uma pesquisa rica em detalhes, a didática dos apresentadores e uma edição que preza pela eficiência. “Audiolivros em diálogos”, como o podcast se autodescreve.

É por isso que os episódios que ocorreram com cerca de uma hora já alcançam hoje as cinco horas de duração, sem perder qualidade e com uma média de 800 mil ouvintes. Pelo contrário, é evidente a evolução dos roteiros e da apresentação.

Essa extensa pesquisa, estimada pelos autores em mais de cem horas por episódio, se reflete não apenas nas exposições factuais, mas também em análises, bastidores e opiniões de Gilbert e Rosenthal, egressos de startups.

Exemplo disso é um episódio recente sobre a Hermès, que conecta os primórdios da indústria de luxo no século 19 com a ideia de luxo tranquilo que permite o consumo dos super-ricos.

Claro, há um certo tom de versão definitiva da história em que quase não há espaço para dúvidas, como tem sido frequente na literatura de não ficção com livros que buscam explicar tudo. Mas o podcast consegue demonstrar que conhecer as empresas que dominam o mundo é também uma forma de torná-las menos impessoais.

Nenhum episódio sobre o O que você acha do WhatsApp?por exemplo, a história começa com detalhes sobre a vida pessoal de um dos fundadores, Jan Koum, imigrante ucraniano nos EUA e autodidata da melhor espécie.

Considerar o tamanho do aplicativo, especialmente no Brasil, é enriquecedor conhecer seus segredos mais íntimos, como os bastidores das negociações com Mark Zuckerberg antes de uma possível oferta do Google e as disputas de seus fundadores com a Meta.

Quando os episódios, hoje meses, não são dedicados às empresas, envolvem longas entrevistas com executivos como Jensen Huang, CEO da Nvidia, e Charlie Munger, braço direito de Warren Buffett —este publicado em outubro de 2023, um mês antes da sua morte.

O podcast é tão bem sucedido em explicar negócios que se tornaram ele mesmo um negócio bem sucedido.

No seu site oficialao lado de diversos elogios de executivos proeminentes, há uma página aberta para potenciais patrocinadores na qual a cota para a temporada de maio a agosto de 2025 é oferecida a US$ 900 mil. Hoje, o programa carrega consigo a marca do JPMorgan.

O formato de um episódio por empresa ainda tem a vantagem de criar a expectativa sobre os próximos, e levanta uma dúvida constante: quais empresas criadas nos últimos anos, ou até mesmo quais empresas brasileiras, poderiam ter a mesma honra?

Enquanto isso, é melhor esperar pelos episódios sobre o Google e a Apple.



FOLHA DE SÃO PAULO

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