O presidente da PetrobrasMagda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (9) que o desempenho da companhia no segundo trimestre de 2024 foi sólido e dentro do esperado, apesar do prejuízo de R$ 2,6 bilhõeso primeiro desde 2020.
Em eventos para detalhar o balanço de analistas do mercado financeiro e jornalistas nesta sexta-feira (9), ela argumentou que os efeitos não recorrentes que impactaram as qualidades “eram de pleno conhecimento do mercado há tempos”.
Um deles foi o acordo tributário com a Receita Federal para quitar dívidas de R$ 20 bilhões. Segundo Magda, o acordo foi bem recebido pelos investidores quando anunciado e “trouxe vantagens expressivas para a empresa e para a União”.
A estatal argumenta que, sem os efeitos extraordinários, o lucro do trimestre ficaria em R$ 28 bilhões, próximo aos R$ 28,8 bilhões do mesmo trimestre do ano anterior. Além do acordo com a Receita, a desvalorização do real frente ao dólar ajudou a derrubar o resultado.
Em entrevista à tarde, Magda afirmou que o balanço deve ser olhado por outros indicadores, como a “sólida geração de caixa”, o menor endividamento desde o terceiro trimestre de 2008 e um aumento de 11,1% nos investimentos.
Na teleconferência pela manhã, o diretor Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, já havia dito aqui que a empresa teve forte geração de caixa no período, “suficiente para suportar investimentos e obrigações financeiras, além do pagamento de dividendos do primeiro trimestre”.
Nesta quinta (8), a companhia anunciou a distribuição adicional de R$ 13,6 bilhões em dividendos sobre o desempenho do segundo trimestre, respeitando sua política de investimentos aos acionistas que prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre.
Para isso, recorreu à reserva de remunerações criada em 2023 e composta pelos dividendos extraordinários retidos no início do anoo que gerou dúvidas nos analistas sobre a possibilidade de distribuição desse valor até o fim do ano, como proposto pelo governo.
Melgarejo disse que a distribuição extraordinária não tem relação com o uso das reservas, mas sim com projeções futuras de fluxo de caixa e obrigações, que serão definidas no debate sobre o novo plano de investimentos da companhia, em novembro.
“Vamos fazer estudos sobre o planejamento estratégico, que é quando tivermos visão melhor da necessidade de investimentos, da necessidade de disponibilidade de caixa”, afirmou. Ele destacou na teleconferência que a empresa vem pagando mais dividendos que suas concorrentes nos últimos 12 meses.
Os resultados recorrentes ficaram abaixo das expectativas do mercado. O banco UBS, por exemplo, destacou no relatório que o Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, ficou 9% abaixo de suas expectativas e 5% abaixo do consenso do mercado.
Diante da possibilidade de repercussão negativa do resultado, a Petrobras agendou um primeiro encontro com analistas ainda na noite de quinta, após a divulgação do balanço, que foi arquivado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por volta das 21h30.
Em geral, relatórios distribuídos por grandes casas de análise no início da manhã desta sexta indicam que o mercado compreendeu os argumentos da companhia e volta suas atenções para os passos futuros, principalmente no que diz respeito aos dividendos.
A analista Monique Greco, do Itaú BBA, afirmou ver potencial para melhorar no “dividend yeld”, indicador que mede a rentabilidade de uma ação pelos dividendos distribuídos, da empresa nos próximos trimestres. O corte na projeção de investimentos para 2024, afirmou, pode ajudar.
A empresa esclareceu que o corte na projeção de investimentos, de US$ 18,5 para até US$ 14,5 bilhões, responde a atrasos na assinatura de contratos de plataformas que entrarão após 2030 e adiamento de manutenção na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambucoentre outros.
Não teve impacto na produção de petróleo da companhia nem na busca por investimentos em setores considerados prioritários para o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como petroquímica e fertilizantes.
Em sua fala, Magda, reforçou o interesse em voltar a esses setores e voltou a dizer que a empresa vai “respeitar lógica empresarial” e mecanismos de governança na escolha dos novos investimentos, além de manter o foco na disciplina de capital.
“Entendemos que dessa forma contribuiremos para movimentar a economia do país e para atender aos anseios mais profundos de nossos acionistas”, afirmou.