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Bancos voltam a acelerar concessão de crédito no 2º tri – 08/09/2024 – Mercado


Com um inadimplência sob controle e o aumento real na renda do brasileiro, os bancos voltaram a acelerar a concessão de crédito no segundo trimestre deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2023, a carteira ampliada dos quatro maiores bancos registrados em bolsa cresceu entre 5% e 13,2%.

Na mídia do sistema financeiro nacional, os atrasos no pagamento há mais de 90 dias em relação às carteiras de crédito dos bancos caíram 0,3 ponto percentual em relação a 2023, para 3,2%, mesmo patamar registrado no primeiro trimestre de 2024.

Segundo analistas, com o baixo desemprego e a economia em condição melhor do que as expectativas, os resultados de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander no trimestre passado foram positivos, com uma melhoria na demanda e na qualidade dos empréstimos e financiamentos.

“No geral, foi um bom trimestre. Até nos outros setores, as empresas melhores tiveram, na média, resultados do que o esperado”, afirma Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual.

Até o início deste ano, os bancos estavam cautelosos e avessos ao risco dado a disparada na inadimplência do pós-pandemia, especialmente na baixa renda, o que atingiu em cheio Bradesco e Santander.

“O ano passado foi de ajuste para Santander e Bradesco, que agora estão em recuperação. Agora, os bancos parecem interessados ​​e preparados para aumentar o apetite a risco nos clientes de baixa renda. Até o Itaú acelerou [a concessão de crédito] no trimestre segundo”, diz Rosman.

O Itaú Unibanco segue com a maior carteira de crédito no setor, com linhas que somam R$ 1,3 trilhão, uma alta anual de 7,10%. Mesmo aumentando os empréstimos, financiamentos e cartões de crédito, a inadimplência do banco segue a menor entre os pares, em 2,7%, 0,3 ponto percentual menor que no segundo trimestre de 2023.

Dessa forma, ele segue como mais lucrativo atualmente. O ROE (retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado), indicador de rentabilidade do banco está em 22,4%, alto anual de 1,5 ponto percentual, com um lucro de R$ 10 bilhões, crescimento anual de 15,2% .

O BB manteve a segunda posição, com um ROE de 21,6%, alta anual de 0,3 ponto percentual. Já os empréstimos aceleraram 13,2% na comparação anual, para R$ 1,2 trilhão.

Entre os quatro maiores listados na Bolsa, o banco estatal foi o único que teve um aumento na inadimplência no segundo trimestre, para 3%, 0,3 ponto percentual maior que no ano anterior. Segundo analistas, o aumento nos atrasos deve à normalização do crédito ao agronegócio, que estava com uma inadimplência abaixo da média histórica.

Ao comentar os números do trimestre, os executivos do BB disseram que, com uma fatia maior no Plano Safra deste ano, o banco ganha relevância e facilidade na renegociação desses contratos em atraso, o que deve conter o indicador. Além disso, o banco planeja ainda mais arrojado na concessão de créditos em 2025, transferindo a expansão dos produtos sem garantia.

“É correr um pouco mais de risco, mas um risco calculado, pensado e com modelos que nos dão plena segurança”, disse Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, ao comentar os resultados do BB.

O Santander, por sua vez, segue melhorando seus indicadores, após um 2023 marcado pelo forte impacto do calote bilionário das Americanas no seu balanço. No segundo trimestre, o lucro do braço brasileiro da instituição saltou 44,3% para R$ 3,3 bilhões.

Com uma expansão de 7,8% na carteira de crédito, para R$ 665,6 bilhões, o banco conseguiu recuperar 4,3 pontos percentuais de sua rentabilidade, historicamente acima dos 20%, para 15,50%.

“Os índices de inadimplência permanecem controlados, com destaque para o desempenho em pessoa física, na qual o índice de curto prazo atinge o melhor patamar desde o 2022”, disse Mario Leão, presidente do Santander Brasil.

O banco também conseguiu ser menos dependente de crédito, com aumento anual de 17,5% no faturamento de serviços e tarifas, para R$ 5,182 bilhões. “A receita do banco com cartões, corretagem e seguros veio acima do esperado”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.

Para o Bresciani, porém, a grande surpresa do trimestre foi o Bradesco, com o lucro de R$ 4,7 bilhões acima do esperado.

O banco vive um momento de reestruturação, com troca no comando em novembro de 2023 e diversas mudanças na diretoria executiva. No fim do ano passado, a instituição chegou ao seu menor ROE, de 10%. Agora, o indicador já está em 10,8%.

“Melhoramos a eficiência e, assim, nos sentimos seguros para ir mais rápido no crédito. Essa garantia da originação vai resultar em aumento da margem líquida nos próximos trimestres”, disse Marcelo Noronha, presidente do Bradesco.

Apesar da melhora no setor financeiro como um todo, os especialistas alertam que uma piora no cenário macroeconômico pode frear o crescimento do setor.

“A dúvida que fica é se não estamos olhando para o retrovisor e se os bancos vão continuar essa tendência de melhoria”, diz Rosman, do BTG.

Com a recente alta do dólar, e a aceleração da inflaçãoo mercado teme uma eventual alta na Selico que tenderia a aumentar o custo do crédito, com uma maior inadimplência.

“O pior cenário para os bancos é crescer muito em ambiente positivo, que depois piora. Não acho que seja o caso no momento, pois estamos apenas começando a ver um aumento de apetite, que não é o suficiente para piorar inadimplência se economia piorar” , afirma Rosman.

Para o presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, a maior preocupação com o cenário à frente é a volatilidade do Trocarmas ele espera que o dólar perca força com o início do ciclo de corte de juros dos EUA.

“Nossa expectativa é que os cortes devam começar agora em setembro. É possível três até cortes de 0,25 ponto percentual cada um até o final do ano. Isso significa um dólar um pouco mais fraco”, afirmou o CEO nesta semana.

Segundo os analistas, a experiência do pós-pandemia trouxe aprendizados na modelagem de crédito das instituições, que ficaram mais criteriosas, mesmo otimistas.

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FOLHA DE SÃO PAULO

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