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Hidrelétricas defendem mudança de regras de leilão – 08/10/2024 – Painel SA


Charles Lenzi preside a Abragel, associação de geradoras de energia limpa, a maioria hidráulicas. Defensor de todas as tecnologias, ele apresentou ao governo um estudo nesta semana para mostrar que os leilões, definidos pelo específicos de menor preço por megawatt-horaestão encarecendo a conta de luz ano a ano.

Isso não é um ataque às fontes solares e eólicas?
Não é uma crítica a nenhuma fonte. Todas elas são importantes para o sistema elétrico, mas todas carregam custos indiretos diferentes, que não são considerados no cálculo da energia contratada pelo governo nos leilões.

Como assim?
Em Belo Monte, o preço da energia foi fixado em R$ 75 o MWh [megawatt-hora]. Mas para chegar ao Sudeste, por exemplo, era preciso construir linhas de transmissão cujo custo, se fosse computado, dobraria o valor da energia da usina. Esse custo foi posteriormente repassado para a tarifa e dividido pelos consumidores.

Qual é a energia mais barata?
A hidráulica. O estudo da consultoria Volt Robotics mostra que esses custos indiretos são maiores na solar (equivalente a 67% do custo total) e na eólica (54%). Nas hidrelétricas, eles representam apenas 15% e, nas PCHs [Pequenas Centrais Hidrelétricas]27%.

O governo poderia discriminar fontes e dizer de qual delas compraria a energia mais barata?
Não, mas você pode definir requisitos técnicos para a compra. Em um leilão de capacidade [para energia de segurança com carga elevada] requeria uma tecnologia capaz de fornecer potência em um intervalo curto de tempo, algo que nem todos oferecem.

Isso é uma forma de direcionar a disputa, não?
Sem dúvida. No passado, o presidente do ONS [Operador Nacional do Sistema] defendia a realização de leilões por região do país. Isso para evitar que o Sul, por exemplo, que preferisse a geração firme, fosse abastecido por uma geração eólica do Nordeste.

De novo, não é uma defesa das hidrelétricas?
Não dá para abrir mão de hidrelétrica em um país com muito potencial a ser explorado. A bateria natural de energia que temos é hidráulica.

Mas o impacto ambiental é maior.
Sim, mas acho que importamos um conceito europeu de que fonte renovável é eólica ou solar. Só que lá eles não têm potencial hídrico. Ó Reino Unido saiu do carvão e não tem matriz hidráulica expressiva. Em contrapartida, um Áustria tem cerca de 4.000 pequenas centrais hidrelétricas.


Raio-X | Charles Lenzi

Engenheiro elétrico e mestre em Administração de Empresas pela PUC-RS. Fez carreira no setor elétrico. Entre 1998 a 2008 ocupou diversas posições de liderança no grupo AES em países como Brasil, Índia e Venezuela. Foi diretor-superintendente do Grupo Stefani entre 2008 e 2010; presidente da Eletropaulo (2015 a 2018) e COO da AES Brasil (2016 a 2017). Hoje presidimos a Abragel.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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