domingo, outubro 6, 2024
InícioPOLITICAComparar conduta de Moraes à Lava Jato é desespero, diz Gilmar

Comparar conduta de Moraes à Lava Jato é desespero, diz Gilmar



O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes defendeu, nesta quarta-feira (14), o colega Alexandre de Moraes no plenário da Corte. O gabinete de Moraes na Corte solicitou relatórios informalmente à Justiça Eleitoral para embasar decisões no âmbito do inquérito das notícias falsas.

O decano disse que a tentativa de comparar os métodos utilizados na Lava Jato com a conduta de Moraes é uma “tentativa desesperada de desacreditar o Supremo Tribunal Federal, em busca de fins obscuros relacionados à impunidade dos golpistas”.

Na terça (13), o jornal Folha de S. Paulo publicou a primeira, de uma série de reportagens, revelando trocas de mensagens entre assessores de Moraes no STF e no TSE referentes a pedidos de relatórios em investigações contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e comentaristas políticos de direita durante e após as eleições de 2022.

O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, um dos autores da reportagem da Folhafoi um dos responsáveis ​​pela “Vaza Jato”, em 2019, que expôs mensagens entre o então juiz da Lava Jato e agora senador, Sergio Moro (União-PR), e o ex-procurador-chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol (Novo-PR), e outros integrantes da operação.

“Vale destacar que a situação colocada pela reportagem em nada se aproxima dos métodos da Operação Lava-Jato, como muitos querem fazer crer, disse Gilmar Mendes. Segundo o ministro, essas comparações são “irresponsáveis” e sem “correlação fática”.

“Moro, Dallagnol e sua turma subverteram o processo penal de diversas formas, com espúrias híbridas, passando a específicas de alvos específicos”, acrescentou. Dallagnol afirmou que as mensagens reveladas pela reportagem são “mil vezes piores que da Vaza Jato”.

Gilmar Mendes diz que Moraes é “vítima de agressões físicas e virtuais”

O ministro ressaltou que Moraes tem “sido vítima de injustiças agressões físicas e virtuais”. Para Mendes, as novas críticas à atuação do colega, feitas a partir do que foi classificado como “vazamentos ilegais”, devem ser repelidas pela Corte.

“Vivemos em tempos em que a verdade é frequentemente distorcida e a desinformação é usada como arma política”, disse. Ele ressaltou que a condução das investigações por parte de Moraes “tem sido pautada pela legalidade, pelo respeito aos direitos e garantias individuais e pelo compromisso inegociável com a verdade”.

“A atuação do eminente Ministro Alexandre de Moraes, portanto, não ocorre de capricho nem de propósitos pessoais”, reforçou. Mendes disse ainda que o relator tem “dever funcional de atuar proativamente para apurar qualquer notícia de ilícito relacionada ao objeto das investigações”.

O decano revelou que os relatórios foram feitos com informações públicas dos alvos do inquérito das notícias falsas.

“Esses relatórios – isso deve ser enfatizado – não promoveram quebras dos sigilos dos dados nem invadiram sua privacidade. Ao contrário: tais levantamentos apenas identificaram notícias públicas, divulgadas voluntariamente pelos investigados em suas redes sociais. A ideia era apenas registrar dados relevantes sobre possíveis divulgações criminosas”, disse.

Em nota enviada à Gazeta do Povoo gabinete do ministro Alexandre de Moraes negou qualquer irregularidade nas requisições dos relatórios. Moraes argumenta que o TSE, “no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas”.

Pedidos informativos à Justiça Eleitoral

Trocas de mensagens entre servidores do STF e do TSE, obtidas pela Folha de S. Paulodemonstrou que o gabinete de Alexandre de Moraes teria ordenado informalmente à Justiça Eleitoral a produção de relatórios contra apoiadores de Bolsonaro e comentaristas de direita para embasar decisões do ministro em inquéritos em andamento na Corte.

A troca de mensagens sugere que houve adulteração de documentos, prática de pesca probatória, abuso de autoridade e possíveis fraudes de provas. Os alvos escolhidos sofreram bloqueios de redes sociais, apreensão de passaportes, intimações para depoimento à PF, entre outras medidas. Todos os pedidos de investigação e produção de relatórios foram feitos via WhatsApp, sem registros formais.

As conversas vazadas envolveram Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), órgão que era subordinado a Moraes no corte eleitoral.

As mensagens e áudios ocorreram entre agosto de 2022 e maio de 2023 e mostram a entrevista aos jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo, à Revista Oesteao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), entre outros nomes de direita.



GAZETA

ARTIGOS RELACIONADOS
- Advertisment -

Mais popular