domingo, outubro 6, 2024
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Gabinete de Moraes usou o TSE para acessar dados da polícia



O policial Wellington Macedo, que integrava o gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, teria feito pedidos ao chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, para apurar fatos relacionados à Segurança do magistrado e de seus familiares, segundo revelou o jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (15).

Dentre as informações solicitadas estavam o vazamento de dados pessoais e ameaças enviadas para números indicados ao ministro ou publicadas nas redes sociais, assim como dados sobre assuntos de serviço que trabalhariam na residência de Moraes.

Segundo reportado pela Folha, Tagliaferro teria afirmado que informou informações sigilosas a partir da ajuda de um policial civil de São Paulo que era “de sua extrema confiança” e cuja identidade não deveria ser revelada.

Os pedidos, em tese, violam o escopo do poder de polícia do TSE, cuja função é averiguar questões de propaganda eleitoral e que, portanto, não incluíam a atuação da estrutura do órgão para fins de proteção do ministro do STF que, à época, presidência da Corte Eleitoral.

As informações reveladas nesta quinta fazem parte de uma série de assuntos da Folha de S. Paulo, sobre supostas tratativas do gabinete de Moraes no STF e da AEED no TSE para elaboração de relatórios sobre a atuação de jornalistas, deputados e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, entre agosto de 2022 e maio de 2023.

Ainda na terça-feira (13), após a primeira reportagem, o gabinete de Moraes defendeu sua atuação. Em nota, a equipe de Moraes disse que seus procedimentos “foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com participação integral da Procuradoria-Geral da República”.

Em sessão do STF nesta quarta-feira (14), Moraes disse que seria “esquizofrênico” se “auto-oficiar” ao pedido pedido de informações ao TSE, ao se referir aos relatórios solicitados à AEED que posteriormente embasaram decisões do ministro no STF .

UM Gazeta do Povo está tentando contato com o STF e o TSE sobre os pedidos de Macedo a Tagliaferro. O espaço fica aberto para manifestações dos dois órgãos e dos envolvidos.

Policiais do gabinete de Moraes teriam recorrido à ajuda do assessor do TSE em diversas graças

As mensagens obtidas pela Folha mostram que no dia 21 de agosto de 2022, apenas cinco dias após a posse de Tagliaferro, o perito teria enviado a Macedo um relatório intitulado “Ameaça ministro”. De acordo com a Folha, o documento conta apenas com o timbre “Eduardo Tagliaferro – perito forense” e traz análises de mensagens de WhatsApp enviadas para familiares do magistrado.

O objetivo do relatório era tentar identificar a fonte de um vazamento de dados de Moraes e seus familiares, dentre os quais se incluem seus números de telefone, o que possibilitava o envio de mensagens por diversos desconhecidos para eles.

“Informações que realizei pesquisas nos sistemas policiais, e de identificação civil do Estado de São Paulo, bem como consulta aos dados do DETRAN, e foram encontrados todos os dados abertos, sendo possível identificar, nomes, filiações, números de documentos, fotos, endereços , o que levam a identificação do Excelentíssimo Ministro e seus familiares”, diz o relatório de Tagliaferro obtido pelo jornal.

O chefe da AEED teria dito a Macedo, em suas mensagens, que possuía senhas de acesso ao sistema da Segurança Pública de São Paulo por razão de sua “relação de confiança” com um amigo policial.



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