domingo, outubro 6, 2024
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Lula nega que a Venezuela viva uma ditadura, mas autorize “viés autoritário”



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou, nesta sexta (16), que a Venezuela vive sob um regime ditatorial de Nicolás Maduro, mesmo em meio à forte repressão à oposição após uma reeleição comprovada fraudada há quase três semanas e sem a apresentação pública das atas de votação que comprovariam a vitória.

Lula vem sendo cobrado pela sociedade para se posicionar mais claramente sobre a eleição venezuelana, e chegou a dizer nesta semana que não reconhece a vitória de Maduro – antigo aliado – enquanto não há a apresentação das atas que mostram os votos recebidos.

Apesar disso, Lula diz que o país não vive uma ditadura. “Eu acho que a Venezuela vive um regime muito estressante, é diferente de uma ditadura. É um governo com visão autoritária, mas não uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, disse o presidente em entrevista à Rádio Gaúcha de Porto Alegre.

Lula está no Rio Grande do Sul para participar de diversos atos ao longo desta sexta (16), como entrega e entrega de obras do Minha Casa Minha Vida e inauguração de uma ala do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, e a entrega do Complexo Viário da Scharlau, na BR-116 em São Leopoldo, na região metropolitana.

Ainda na entrevista tratando da questão da eleição venezuelana, Lula disse que não concorda com a nota que o seu partido, o PT, emitiu logo após a proclamação do resultado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) reconhecendo a vitória de Maduro. O presidente afirmou que não pensa igual e que a legenda não tem que concordar em tudo com o governo – e vice-versa.

“Eu não concordo com a nota, eu não penso igual a nota, mas eu não sou da direção do PT”, pontudo afirmando que deu liberdade para a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, criticá-lo quando fosse preciso.

O presidente ressaltou que, apesar dos esforços que tem feito para atuar como um mediador da crise junto com a Colômbia e o México até o começo desta semana – e de estar em contato com o presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, para encontrar uma saída – a situação só será resolvida pela própria Venezuela.

Ele ainda lamentou a crítica que recebeu da líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, da sugestão de se realizar uma nova eleição no país, mencionada por ele na quinta (15). Ela passou a falar como “insulto”.

“A oposição não gostou da ideia de que eu falei que poderia o Maduro, que tem seis meses de mandato ainda, convocar uma nossa eleição. Não gostei, o Maduro também não gostou. Agora, fica a oposição dizendo ‘nós ganhamos’ e o Maduro dizendo ‘nós ganhamos’”, pontudo sem concluir a fala ao ser interrompido e questionado sobre a possibilidade de uma guerra civil – “não acredito, porque há muitos países com disposição de ajudar que a gente viva em paz na América do Sul”, completou.

Lula também criticou as avaliações econômicas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Venezuela – a quem chamou de “o mundo democrático” – que “não trataram corretamente” o país. Lembrou do episódio do autoproclamado presidente Juan Guaidó que foi reconhecido por algumas nações e que, a partir disso, “houve uma incidência na punição e no julgamento das coisas”, e que deveriam ter chamado para conversar.

“Fico torcendo para que a Venezuela tenha um processo de reconhecimento internacional e dependa única e exclusivamente do comportamento da Venezuela. A oposição sabe disso e o Maduro sabe disso”, completou.



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