domingo, outubro 6, 2024
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Moraes teria usado o TSE para investigar manifestantes em Nova York em 2022



O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria usado o órgão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de combate à desinformação para investigar manifestantes que fizeram um protesto contra magistrados da Corte durante uma viagem a Nova York, nos Estados Unidos , em 2022.

A nova purificação é mais uma que a Folha de S. Paulo vem publicando há quase uma semana com base em mensagens vazadas que mostram que Moraes pedia informações fora do rito processual à Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) sobre pessoas investigadas nas duas Cortes – principalmente de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) .

UM Gazeta do Povo pediu pedido ao STF sobre esta nova apuração e aguarda retorno. UM Folhaa Corte afirmou que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com participação integral da Procuradoria-Geral da República”.

Segundo as informações apuradas pela Folha de S. Paulo em cima deste conjunto de mensagens, Moraes ainda presidia o TSE quando solicita as informações à AEED antes mesmo de viajar para Nova York com os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, nos dias 14 e 15 de novembro, para participar de um evento do grupo Lide Empresarial.

Eles foram alvo de críticas em diversos momentos por manifestantes, como próximo ao hotel que estavam hospedados e restaurantes.

Após circular nas redes sociais a convocação de manifestantes para o local do evento, Moraes acionou o juiz Marco Antônio Vargas, então membro do gabinete da presidência do TSE, para que fosse produzido um relatório com as novidades e informações sobre a manifestação. Vargas, por sua vez, envolveu Eduardo Tagliaferro, chefe da AEED, para realizar o monitoramento e elaborar o relatório.

“De acordo com o material levantado e recebido, é possível verificar que se trata de uma manifestação programada para acontecer no dia 15/11/2022 na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, onde manifestantes se reuniram em protestos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal , os quais estão em viagem a essa cidade”, indicado no relatório.

Tagliaferro destacou que havia “conteúdo ameaçador à pessoa do Ilustre Ministro Alexandre de Moraes”, o que motivou o acionamento de sua segurança pessoal.

Nos dias seguintes, Airton Vieira, juiz de Moraes no STF, invejou novas publicações sobre os manifestantes e solicitou a Tagliaferro que tentasse identificar os responsáveis, produzindo relatórios a serem enviados ao Supremo. As postagens incluíam a divulgação do endereço do hotel onde os ministros estavam hospedados, e Vieira pediu que o relatório fosse enviado mesmo diante das dificuldades em identificar os autores das publicações.

No dia 13 de novembro, véspera do evento, Vieira enviou a reprodução de uma postagem na rede social X com uma foto do ministro Barroso e o endereço do hotel. Tagliaferro questionou a competência do TSE para atuar no caso, já que o assunto não estava relacionado às urnas ou ao pleito eleitoral, mas Vieira garantiu que Moraes havia fornecido uma decisão pelo STF permitindo a ação.

A troca de mensagens revela que o uso do TSE foi justificado pela agilidade na remoção das publicações, uma vez que, segundo Vieira, a Polícia Federal não havia respondido ao pedido enviado durante a madrugada. Tagliaferro, entretanto, expressou preocupação com a fundamentação jurídica para a atuação do TSE.

No dia 14 de novembro, Vieira continuou a solicitar relatórios sobre novos alvos, incluindo Filipe Sabará – que depois ocupou cargos no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) – e um empresário que transmitia ao vivo de Nova York.

Tagliaferro destacou a necessidade de divulgação na obtenção de dados, para evitar que fique evidente que as informações foram coletadas pelo TSE. Em outro momento, Vargas entrou na conversa e reforçou a importância de não enviar fotos que pudessem comprometer a origem dos dados.

Outro alvo foi o cantor gospel Davi Sacer, que havia mensagens retuítadas incentivando as manifestações contra os ministros em Nova York. Tagliaferro ponderou que a ação contra Sacer poderia gerar repercussões negativas entre católicos e evangélicos, mas Vieira informou que o pedido veio diretamente de Moraes, o que levou à continuidade das ações de monitoramento.

“O problema é que foi o Ministro quem passou. Depois recebi pelo Deputado Frota… Paciência. Vamos em frente”, disse reforçando que as escolhas dos alvos partiram de Moraes.

Segundo a purificação, Moraes teria ordenado, ainda, o monitoramento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do jornalista Allan dos Santos sobre o que postavam do protesto nas redes sociais. “Um relatório para cada. Com tudo que aprontaram, publicaram, em conta própria ou de terceiros… Do contrário…”, completou.

Entendido o caso

Trocas de mensagens entre servidores do STF e do TSE, obtidas pela Folha de S. Paulodemonstrou que o gabinete de Alexandre de Moraes teria ordenado informalmente à Justiça Eleitoral a produção de relatórios contra apoiadores de Bolsonaro e comentaristas de direita para embasar decisões do ministro em inquéritos em andamento na Corte.

A troca de mensagens sugere que houve adulteração de documentos, prática de pesca probatória, abuso de autoridade e possíveis fraudes de provas. Os alvos escolhidos sofreram bloqueios de redes sociais, apreensão de passaportes, intimações para depoimento à PF, entre outras medidas.

Todos os pedidos de investigação e produção de relatórios foram feitos via WhatsApp, sem registros formais. As conversas vazadas envolveram Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes durante sua presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, então chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação), órgão que era subordinado a Moraes no corte eleitoral.

As mensagens e áudios ocorreram entre agosto de 2022 e maio de 2023 e mostram pesquisa aos jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo, à Revista Oeste, ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), entre outros nomes de direita.

Em nota enviada à Gazeta do Povoo gabinete do ministro Alexandre de Moraes negou qualquer irregularidade nas requisições dos relatórios. Moraes argumenta que o TSE, “no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas”.



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