sábado, outubro 5, 2024
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“Moraes se confunde na ânsia de poder”



O advogado Eduardo Kuntz, que representa o ex-servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), perito em crimes cibernéticos, Eduardo Tagliaferro, disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, “se confunde na ânsia de poder ”.

A declaração foi dada durante entrevista concedida à Gazeta do Povonesta segunda-feira (26). A fala faz referência à atuação do ministro em diferentes cargos em um mesmo processo.

“Mais uma vez, evidentemente, existe uma confusão entre o ministro usando toga, usando um crachá de delegado, usando as funções do Ministério Público, usando chapéu de vítima… Ele se confunde nessa ânsia de poder”, afirmou o advogado à Gazeta do Povo.

Na semana passada, a Folha de São Paulo divulgou uma série de reportagens a partir de mensagens vazadas de conversas entre auxiliares de Moraes que apontaram o uso do TSE como braço investigativo paralelo contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros nomes da direita.

As conversas vazadas envolveram Airton Vieira, o juiz instrutor de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, seu juiz auxiliar na presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) – o órgão era subordinado a Moraes no corte eleitoral.

Tagliaferro teria pedidos questionados

De acordo com o advogado, Tagliaferro questionou os superiores sobre a “retidão” do trabalho, mas teria sido confirmado pelos superiores de que não havia nenhuma irregularidade nos processos.

“Quando vem a reportagem da Folha criticando a conduta, ele [Tagliaferro] reflete se fez um bom trabalho [no TSE] ou se fez algo realmente indevido”, disse o advogado ao destacar que Tagliaferro apenas agiu em conformidade aos superiores.

Os relatórios produzidos na Corte eleitoral foram usados ​​para subsidiar o inquérito de notícias falsas no STF em casos relacionados ou não às eleições presidenciais de 2022, ano em que Moraes presidiu a Corte eleitoral.

Após a repercussão do caso, Tagliaferro já admitiu que “a direita foi mais investigada” do que a esquerda e que não havia alternativa em não cumprir o que era ordenado.

Vazamento

Ao conceder entrevista à Revista Oestena sexta-feira (23), Tagliaferro negou que tenha vazado as mensagens para a Folha.

Segundo Tagliaferro, ele não teria coragem de vazar as mensagens por “conhecer bem” o ministro Alexandre Moraes.

Quando questionado se Tagliaferro estaria considerando uma mudança de país por receber eventuais represálias, o advogado Eduardo Kuntz disse que “só foge quem deve”.

“Não há motivo para fugir, muito embora exista a preocupação sim de uma medida abusiva por parte do ministro caso ele tenha interesse em retaliar. Não são poucas as oportunidades em que houve um excesso de poder de decisão por parte do ministro”, destacou o advogado.

Eduardo Kuntz citou como exemplos de abusos de Moraes os casos de Cleriston Pereira, preso do 8 de janeiro que morreu na Papuda após ter parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à solução ignorada, e o caso do ex-assessor especial de Bolsonaro, Felipe Martins, que também ficou preso, por seis mesesmesmo com parecer da PGR favorável à soltura.

“Sem falar em todos os outros casos do 8 de janeiro, onde as pessoas estão sendo punidas com pena de 17 anos [de prisão]. Então, o recebimento existe no caso do ministro ver o Tagliaferro como uma ameaça ou como um inimigo, mas ele [Tagliaferro] Confie que as ordens foram dadas de forma correta e forçada para que não tenham sido usadas para fazer coisas erradas”, completou o advogado.

Segundo Eduardo Kuntz, Tagliaferro está “chateado” porque “sempre buscou fazer o seu trabalho da melhor forma possível” e “não consegue entender porque está sendo usado dessa maneira”.

Defesa pediu o afastamento de Moraes das investigações

Ainda na semana passada, Moraes abriu um inquérito para investigar o vazamento de mensagens e íntimos Tragliaferro.

Ao apurar a investigação do caso, Moraes disse que “o vazamento e a divulgação de mensagens particulares trocadas entre servidores dos referidos Tribunais se revelam como novos adversários da atuação estruturada de uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas”.

Moraes também diz que os objetivos da suposta “organização criminosa” seriam a “cassação” dos ministros do STF, o “fechamento da Corte Máxima do país”, o “retorno da ditadura” e o “afastamento da fiel observância da Constituição Federal”.

Nesta segunda-feira (26), a defesa de Tagliaferro pediu o afastamento de Moraes da investigação. D

e acordo com a petição, Moraes “possui claro e interessado interesse no deslinde desse Inquérito. Por consequência, está ele legalmente impedido de exercer atos jurisdicionais no caso, conforme determinam os artigos 252, inc. IV, do Código de Processo Penal e 144, inc. IV, do Código de Processo Civil”.



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