domingo, setembro 22, 2024
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Amorim diz que o Brasil não aceitará prisão de opositor venezuelano



O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, afirmou nesta terça (3) que o Brasil não aceitará uma eventual prisão do opositor Edmundo González na Venezuela, conforme determinado pela Justiça do país a pedido do Ministério Público venezuelano.

Para ele, a prisão é “muito preocupante” para o Brasil e será “política”, o que o governo não aceitará se ocorrer. “Seria uma prisão política, e não aceitamos presos políticos”, disse em entrevista à Reuters.

Ainda de acordo com ele, o mandado de prisão contra a oposição foi “coisa errada a fazer”, e que a situação eleitoral na Venezuela “não está resolvida”.

Amorim repetiu o discurso que Lula e o governo vêm adotando desde a eleição conturbada sob fortes suspeitas de fraude no dia 28 de julho, de que não permitiu a reeleição de Nicolás Maduro e nem a alegada vitória da oposição sem a apresentação oficial das atas de votação.

“A situação eleitoral na Venezuela não está resolvida, não vemos vitória para um lado ou outro”, completou o embaixador. O Ministério das Relações Exteriores ainda não se pronunciou sobre o mandato de prisão expedido pela Justiça venezuelana.

Um pouco mais cedo, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, suportou o discurso de mediação e de cobrança pelas atas de votação, e afirmou que a repressão afetava diretamente o povo venezuelano.

Ainda segundo Costa, o Brasil pode vir a conceder um bem político a González se for um fã, seguindo uma tradição de conceder abrigo a fugitivos de regimes autoritários.

“Nenhum caso específico [de González] é evidente que quem for posicionado será a embaixada brasileira e o presidente da República. Mas, acho que, seguindo a tradição, o Brasil acolheu todos aqueles que buscam ter um espaço para viver em paz”, disse o ministro em entrevista à GloboNews.

De acordo com ele, o Brasil é um dos países que mais recebe venezuelanos “que buscam” viver aqui – ele evita falar em fuga. Segundo o Ministério da Justiça, quase quatro mil cidadãos cruzaram a fronteira fugindo do regime chavista somente após a eleição de 28 de julho.

Em todo o mês de julho, 9.331 venezuelanos atravessaram a fronteira por Pacaraima, segundo a Polícia Federal. Em junho, foram 8.602. Os dados do Ministério da Justiça mostram um fluxo diário de 273 venezuelanos que entraram no Brasil entre os dias 29/07 e 11/08.

Ele ainda ressaltou que a Venezuela precisa apresentar os documentos para se chegar a uma normalidade que permita ao país voltar a se relacionar com as demais nações do mundo. Costa, no entanto, ignorou as críticas de que o governo de Maduro fez ao Brasil após a confirmação da reeleição pela Justiça venezuelana.

Na noite de segunda (2), a promotoria da Venezuela – controlada pelo regime chavista – emitiu uma ordem contra o político para cometer seis crimes ligados à eleição com fortes acusados ​​de fraude que reelegeu Nicolás Maduro há pouco mais de um mês. O pedido foi aceito pela Justiça do país, também sob o comando do ditador.



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