sábado, outubro 5, 2024
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Especialistas elogiam as políticas X por trás da decisão de proibição de Moraes no Brasil



Novas revelações de mensagens vazadas dentro da equipe do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, publicadas pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (4), mostram que o juiz e seus assessores estavam frustrados com as políticas de moderação de conteúdo no X, introduzidas por Elon Musk após a aquisição da plataforma em 2022.

As conversas, que ocorreram em março de 2023 — fora do período eleitoral — supostamente mostram Moraes instruindo seus assessores a “assumir uma postura mais dura” com os executivos da plataforma após uma reunião em que a X explicou seus critérios para remover conteúdo sem uma ordem judicial.

Na época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil solicitou que X removesse uma publicação em que um usuário, comentando sobre a libertação de presos dos ataques de 8 de janeiro, acusava Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de crimes contra a humanidade, incluindo prisões ilegais e tortura. Os assessores de Moraes no TSE também solicitaram que X revisasse postagens semelhantes para remoção com base na orientação do tribunal.

Em mensagens vistas por Folhaum funcionário da Unidade Especial de Combate à Desinformação do TSE explicou ao juiz Marco Antônio Vargas por que X não removeria aquela publicação específica. Ele observou que, como o período eleitoral havia passado, a moderação de conteúdo agora estava mais focada na segurança do que na verdade.

“Para simplificar, uma mentira desconectada de qualquer perigo real tem menos probabilidade de ser moderada. A moderação só ocorre quando há discurso violento, discurso de ódio ou uma ameaça mais tangível de dano (como incitação à destruição). ‘Risco à democracia’, sendo intangível, não se encaixa nessa categoria”, escreveu Frederico Alvim, servidor do TSE, ao juiz Marco Antônio Vargas, segundo Folha de S.Paulo.

Ele acrescentou que as decisões de moderação do X eram motivadas pela segurança, não pela honra, e que o combate à desinformação era amplamente deixado para os usuários por meio de um recurso chamado “Notas da Comunidade”, permitindo que os usuários sinalizassem postagens enganosas e explicassem o porquê.

Como resultado, de acordo com FolhaMoraes decidiu tomar uma posição mais dura. “Então vamos ser duros com eles. Preparar relatórios sobre esses casos e enviá-los para o inquérito das fake news. Vou ordenar que eles removam sob pena de multas”, Moraes teria dito.

Desde 2022, Moraes defende uma regulamentação mais rigorosa das mídias sociais pelo governo, pressionando as plataformas a remover postagens sem uma ordem judicial se elas tiverem o potencial de incitar protestos contra o judiciário. Essa pressão aumentou após os tumultos de 8 de janeiro e ganhou apoio do governo Lula sob a bandeira de proteger a democracia.

Esforços para aprovar uma lei que imponha uma regulamentação mais rigorosa das mídias sociais estagnaram no Congresso. Como resultado, Moraes impôs pesadas multas a empresas que não cumprirem ordens de remover conteúdo considerado “antidemocrático” ou “odioso”.

Advogados elogiam as políticas de moderação de Musk no X

Dois importantes defensores da liberdade de expressão no Brasil, entrevistados para o artigo, elogiaram a abordagem de Musk à moderação de conteúdo no X. A política, implementada pela empresa sob seus próprios termos de uso, não exige uma ordem judicial para remover conteúdo prejudicial.

Ordens judiciais podem ser apresentadas à plataforma em casos em que postagens específicas sejam consideradas ilegais por um tribunal, de acordo com o Marco Civil da Internet do Brasil (um marco legal que rege o uso da internet e os direitos digitais no país).

Desde que assumiu o X, Musk tem resistido às ordens de Moraes de remover perfis inteiros de usuários — em vez de postagens específicas — o que poderia constituir restrição prévia ilegal ao impedir que os usuários postem conteúdo legal no futuro.

A política de moderação do X, que prioriza a remoção espontânea de postagens que incitam a violência sem uma ordem judicial, está alinhada aos padrões dos EUA sobre liberdade de expressão, que normalmente permitem restrições apenas em casos de perigo real e iminente.

O advogado André Marsiglia afirmou que as mensagens sugerem que X estava buscando evidências concretas de conteúdo ilegal. “Se houvesse um ato ilegal claro e inegável, ele seria removido. Parece estar alinhado com o que nossas leis exigem: que a verdade e a ilegalidade sejam explicitamente demonstradas por meio de um processo judicial, não subjetivamente”, disse ele.

“O que X chama de segurança se refere a provar o dano real causado por uma mensagem e a intenção de causar ofensa. Os tribunais pareciam querer uma abordagem mais subjetiva, sem um processo judicial, com base em uma solicitação ou alerta. Na verdade, Musk não estava infringindo a lei”, explicou Marsiglia.

Gabriel Coimbra, membro da Comissão de Liberdade de Expressão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), observou que a política de moderação de conteúdo de X “é muito mais profissional e consistente com as liberdades constitucionais”. Ele acrescentou que evita ser influenciado pelos interesses dos poderosos ou por narrativas políticas.

“São padrões mais objetivos, transparentes, imunes à censura política. A política de moderação do X é muito mais alinhada à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, decidida por um corpo coletivo, diferente da abordagem unilateral de Moraes no Brasil. A liberdade de expressão permite exageros, mentiras, distorções e até discursos de ódio, mas não atos ilegais como violência”, disse.

“A política de X não é perfeita, mas atualmente é a mais próxima de um padrão de controle justo e objetivo: a violência e o racismo são ameaças reais à sociedade e são condenados por unanimidade”, concluiu Coimbra.



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