sábado, outubro 5, 2024
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Maioria da população desconfia do trabalho do STF



A derrubada do X (antigo Twitter) do Brasil por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), posteriormente referendada por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo, consagrou uma crescente descrença da maioria da população na imparcialidade da Corte, que enxergamos na postura política dela um risco para a democracia. Esse retrato está descrito pela pesquisa da AtlasIntel sobre a suspensão da rede social e a denúncia no STF divulgada nesta quinta-feira (5).

O dado mais intrigante do levantamento mostra que a maioria dos eleitores (56,5%) concorda que a decisão de Moraes contra a plataforma do empresário Elon Musk se deu por motivação política, superando em muito os que viram nela apenas razões técnicas (41, 7%). Para 54,4% dos participantes, essas decisões do STF sobre o X defendem para enfraquecer a democracia no Brasil, enquanto 44,9% entendem o contrário.

Segundo a pesquisa, 49,7% dos entrevistados desconfiam do STF, enquanto 46,6% confiam. Os números confirmam flutuações observadas na série histórica desta pergunta feita desde janeiro de 2023 pelo instituto.

Em relação à “imparcialidade para rivais políticas” desempenhada pelos 11 ministros do STF, o levantamento aponta que 51% dos entrevistados avaliaram como péssimo e 24% como ótimo. Para 12%, esse item é regular. Outros 9% veem como ruim e os 2% permanecem considerados regulares.

Quanto ao “respeito à Constituição e às leis”, 46% declararam ser péssima a performance do Supremo; 40%, ótimo; 8% bom; 5%, ruim e 2%, regular. Já a avaliação sobre o desempenho dos ministros do STF sobre diferentes temas, a avaliação “péssima” varia de 45% a 51% para todos.

A resposta ao questionamento da entrevista em relação à imagem pessoal de cada um dos ministros do STF aponta Gilmar Mendes como o de pior confiança para 59% dos participantes. Em seguida vem Dias Toffoli com 55% e Nunes Marques com 54%. Alexandre de Moraes tem imagem negativa para 52% dos entrevistados, enquanto 47% têm visão positiva dele, números projetados que empatam com os de Cármen Lúcia.

Para o consultor de empresas e palestrante Ismar Becker, em condições normais, uma Suprema Corte não deveria ser vista como um agente político para ser avaliada pela população. Mas uma pesquisa mostra o grau de herança institucional do país. “Os números mostram a cristalização da posição da população brasileira. Os de um lado batem palmas, os do outro criticam”, avaliou.

Já o cientista político André Rosa, professor de Ciência Política na UDF, interpreta a pesquisa como um retrato claro do momento institucional do país. Para ele, os resultados apontam também para um cenário nacional e internacional que poderá influenciar algumas eleições municipais, sobretudo a de São Paulo, mais polarizadas entre esquerda e direita. O discurso dos políticos conservadores do incorpora novos segmentos à medida que os abusos do Judiciário passam a ser mais bem percebidos e ultrapassam o espectro apenas do grupo mais ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Ao mesmo tempo que o tema da liberdade de expressão passa a ser questionado publicamente por outros atores de centro e centro-direita, o ato público de 7 de setembro na Avenida Paulista tem o papel de alcançar outras camadas de eleições que tem uma pauta conservadora como afetiva”, inspiradora.

Pesquisa indica apoio dos candidatos de Lula às decisões de Alexandre de Moraes

O levantamento consagrado ainda a impressão de uma resistência à polarização política no país ao mostrar que a maioria dos eleitores (50,9%) discorda da decisão de Moraes de retirar o X, enquanto 48,1% a apoiam. O impacto da polarização política nessa abordagem fica evidente quando 95,5% dos que dizem ter votado no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) condenam a decisão. Por outro lado, 92% dos candidatos que escolheram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 apoiaram.

Questionados sobre a conduta de Musk, 48,9% do total de entrevistados afirmaram que o bilionário deveria ter cumprido decisões judiciais de remoção de conteúdo e de perfis de usuários da plataforma. Outros 37,6% afirmam que ele não deveria ter cumprido nada, enquanto 9,9% entendem que deveriam ter atendido apenas decisões relativas às encomendas.

Quanto ao bloqueio das contas bancárias e investimentos financeiros da empresa Starlink no país, a visão majoritária (55,1%) é de que a decisão judicial é abusiva. A posição é 11,1 pontos percentuais superiores àqueles que veem a decisão como justificada (44%).

A discordância é ainda maior em relação à decisão de Moraes de multar em R$ 50 mil qualquer usuário do X que busque acessar uma plataforma por meio de VPN. Segundo a pesquisa, 64,5% são contrários e 34,7%, desenvolvidos.

Levantamento entrevistou 1.617 cidadãos de todo o país por meio da internet

A pesquisa da AtlasIntel foi realizada hoje por meio eletrônico, com 1.617 entrevistados recrutados durante a navegação na internet, entre os últimos dias 3 e 4 de setembro.

O método online é mais acessível financeiramente do que pesquisas presenciais ou por telefone, mas sofre críticas por haver risco de viagens de seleção. O instituto defende que, comparado aos levantamentos presenciais, essa forma evita o impacto psicológico da interação humana, resultando em respostas mais autênticas.

O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo e confiança de 95%.



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